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Desidratação por Esforço

(Por: Thiago Salles Gomes)*

Uma égua faz uma excelente prova de enduro e um semana depois tem cólica porque uma parte do seu intestino delgado, o íleo, não funciona direito.

Um cavalo, muito bem preparado, faz uma prova de velocidade livre terminando entre os primeiros colocados e desenvolve uma grave doença muscular chamada miosite e outra grave doença, já discutida aqui, o aguamento.

Por que alguns animais apresentam sinais de doença como a miosite ou o aguamento às vezes dias depois de fazerem provas de enduro de velocidade livre de longas distincias? Para informações em pormenores, seria preciso pedir orientação a um veterinário familiarizado com as peculiaridades desta prática desportiva. Na maioria dos casos trata-se de um desequilíbrio hidro-eletrolítico, ou seja, desidratação e carência de cloreto de sódio e outros sais. Cloreto de sódio, diga-se de passagem, é o sal de cozinha. Mas, me perguntam proprietários e cavaleiros, por que os cavalos não conseguem repor espontaneamente estas perdas como aconteceria na natureza? A pergunta tem bastante lógica, mas se a análise for mais aprofundada, perceberemos que assim que chega do exercício, o animal bebe e repõe, parcialmente, as perdas ocorridas durante o esforço.Se adicionarmos eletrólitos a água fornecida, esta reposição será mais completa.

Acontece que esta reposição é parcial, uma vez que o desequilíbrio provocado pelo exercício pode ter provocado alterações que não são, ainda, perceptíveis ao organismo. Haverá um acúmulo, nos principais grupos musculares, de ácido láctico e pirúvico e outras substâncias que são tóxicas ao organismo, se não forem rapidamente eliminadas durante o exercício. Estas substâncias tóxicas não serão retirados a não ser com uma hidratação enérgica que só conseguiríamos rapidamente com a administração de fluidos (soro fisiológico) endovenosamente.

As pessoas ligadas à esta modalidade desportiva devem tentar entender que as provas de enduro correspondem, no atletismo, a provas de longa distância chegando até os rigores da maratona. O enduro de regularidade não provoca uma espoliação tão intensa e os atletas que passam desta modalidade para a velocidade livre tem que se preparar para uma mudança qualitativa. O treinamento deve ter uma orientação muito mais sofisticada com controles médico-veterinários e laboratoriais periódicos, quando serão feitos exames clínicos em repouso e após esforço e exames laboratoriais, tais como hemogramas, bioquímica de sangue e urina, que deverão nos indicar a intensidade de treinamento que o animal poderá ser submetido e os desequilíbrios provocados por este treinamento.

Mas você deve estar pensando que eu escrevi e escrevi e não expliquei porque a égua do início do artigo teve a tal cólica. É simples: o intestino tem seus movimentos feitos através da musculatura lisa que constitui um de seus componentes. E esta musculatura depende, para bem funcionar, dos mesmos eletrólitos: Sódio, Cálcio, Potássio, Cloretos; que são desequilibrados durante o exercício físico intenso. E, portanto, se não ajudarmos os animais submetidos a uma sobrecarga de exercícios físicos a restabelecer o equilíbrio da composição de seu organismo, ou seja, dos componentes do sangue e dos outros fluidos e diversos tecidos do organismo, certamente, por conseqüência, teremos uma série de afecções graves decorrentes destes desequilíbrios